sábado, 13 de março de 2010

Aquecimento global gera pressão nos EUA

Multinacionais e ONGs ambientalistas pedem ação do governo.
Grupos querem estabelecimento de metas de controle de emissão de CO2.

Multinacionais se uniram na organizações ambientalistas nos Estados Unidos para pedir a intervenção do estado na economia e o controle das emissões de gases de efeito estufa.

A estranha confabulação de interesses é parte de um movimento nos EUA a favor de medidas para deter a mudança climática, após anos de negligência governamental.

Os máximos diretores de dez das maiores empresas do país, incluindo Alcoa, BP América, Dupont, Duke Energy e Lehman Brothers, fizeram todos os esforços possíveis para rejeitar a posição do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que acredita que os limites às emissões prejudicarão os níveis de emprego.

O estabelecimento desses limites, e a criação de um mercado de carbono, como o existente na Europa, "despertarão o espírito empreendedor dos Estados Unidos".

"O povo introduzirá inovações quando as regras que regerão o mercado no futuro estiverem claras", disse Jeffrey Immelt, presidente-executivo da General Electric.

A coalizão pediu que os EUA, o maior emissor de gases estufa do mundo, diminua, em até 15 anos, o volume que sai de suas chaminés e canos de escape para entre 70% e 90% dos níveis atuais.

Diante da passividade do governo federal sobre a questão, a Califórnia aprovou em 2006 uma lei que obriga a reduzir as emissões em 25% para 2020, e oito estados formaram um pacto para limitar os gases e estabelecer um mercado de carbono.

Até mesmo alguns líderes da base religiosa do Partido Republicano lançaram a "Iniciativa Climática Evangélica", que pede à Casa Branca que atue.

Bush parece ter ouvido o clamor, e na terça-feira dedicará grande parte do seu discurso sobre o estado da União ao anúncio de uma nova estratégia para responder ao aquecimento global e à dependência energética, informou a Casa Branca.

Falar do tema já é um avanço em relação à posição inicial de seu Governo, que retirou a assinatura do seu antecessor, Bill Clinton, do tratado de Kyoto, que estabelece limites por países para a emissão de gases que provocam o efeito estufa.

Essa medida foi um grande revés para o combate ao problema, pois os Estados Unidos, com 5% da população mundial, são a fonte de 25% desses gases nocivos.

Bush promoveu programas voluntários de redução da poluição, mas sempre se opôs a limites obrigatórios, sob o argumento de que prejudicariam a economia.

No entanto, para algumas empresas, esse argumento não procede. Jim Owens, que dirige a Caterpillar, o maior fabricante de equipamentos de mineração e de turbinas industriais do mundo, disse que o que prejudica a sua empresa é a existência de leis diferentes em cada país onde opera, e em cada estado dos EUA.

O que deseja, segundo explicou, são regras internacionalmente aceitas, de modo que possa tirar o maior proveito de seus investimentos para reduzir a poluição dos seus motores.

Por sua parte, Jeffrey Sterba, presidente da PNM Resources, uma distribuidora de eletricidade do Novo México, se queixou de que, ao não participarem do protocolo de Kyoto, os EUA estão ficando para trás em relação à Europa e à Ásia no desenvolvimento de tecnologia para energia nuclear e eólica.

O apoio a medidas de cumprimento obrigatório para evitar a liberação de dióxido de carbono não vem apenas dos interesses econômicos.

Segundo Jonathan Lash, presidente da organização ambientalista World Resources Institute, os americanos perceberam que o aquecimento global é real, após desastres como o furacão Katrina, que atingiu Nova Orleans há um ano e meio.

O aumento do poder de destruição dos furacões parece estar associado ao aquecimento das águas do Pacífico.

Outro fator de influência, segundo Lash, é que "milhões de pessoas" assistiram ao documentário sobre a mudança climática do ex-vice-presidente Al Gore, "Uma verdade inconveniente".

Para desgosto da Casa Branca, o filme pode ser indicado ao Oscar nesta terça.

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